quarta-feira, 26 de maio de 2010

Para sempre que demora

Em todo o passado que viveria
Se fosse capaz, nada pesaroso
Guardar a nostalgia de guria
Até o dia do eterno repouso

Fria senhora ao canto do espelho
O duro crescimento regressivo
Presente sem o recordar saudoso
Até o dia do eterno repouso

Aos em volta fere o mal alemão
A memória virou contramão
Até o dia do eterno repouso

Efêmera é que parece a história
Lembrança falha sem escapatória
Aproxima-se o eterno repouso

(Camilla Wootton Villela)

Tema: eternidade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

  Se alguma moça vestida de rugas, ainda com sonhos antigos de uma infância recente na saudade sentisse o vento bater nas costas, que modelasse o seu corpo e tirasse do pensamento todas as vontades gastas, as construções incabadas e as dores de feridas abertas - talvez então um forte sentimento de ventania seria o único capaz de fazer voar para longe as angústias densas do que foi e permanece. (Camilla)
  Mas uma vez que não é assim, que a armadura em que ela se encontrava, impenetrável, não trazia o grito desesperado, oprimido, que qualquer ser na mesma situação deveria bradar, ecoando em todos os ouvidos como música de uma orquestra uníssona; que ela fazia questão de demonstrar alívio e felicidade no sorriso indubitavelmente verdadeiro, conivente, convincente; que em suas mãos se expressavam o teatro iluminado do jogo de cena e o alvo pelo qual a plateia deveria olhar e admirar; uma vez que é assim, que nada pode ser feito à revelia do desejo exterior, que o ar que se respira é de júbilo e ausência de dor, nada mais do que o aplauso - o longo e desalmado aplauso - poderia ser dado. (Marcos)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mas uma vez que não é assim

Primeira parte a ser adicionada





Mas uma vez que não é assim, se revolta e grita de desespero como um desabafo. Sai de casa batendo a porta e vaga pelas ruas durante a madrugada.
Uma vez que é assim, aceita que não há uma saída no momento, mas que ao amanhecer pensará no próximo passo, pois precisa se livrar daquela angústia que a segue há tanto tempo. O fardo de viver com aquele homem se tornara insustentável.

                                                       ( Andrea &                )

Nascimento

                                                              PALCO

SENHORES!
SENHORAS!
NESTA TERRA INCANDESCENTE
VEMOS ASTÚCIA E VALENTIA
DE UM POVO MATREIRO
QUE NÃO TEME LABUTAR
NOITE, DIA.
NO AR: CARCARÁ A MIRAR
NA TERRA: VIDAS, HISTÓRIAS...
NA ÁGUA: LODO, LATAS.
PELA ESTRADA TODA GENTE A PASSAR
CRIANÇAS, MULHERES...
RUDIAS NA CABEÇA
E FICO A PENSAR                     A SENTIR
ENQUANTO UMA VIDA SE INICIA,
OUTRA SE ATROFIA.
HAVAIANAS A DESCER PELO RIO ALEGRE
CASTELOS DE AREIA NO PÉ
MANGAS PARA ME LAMBUZAR.
TICO-TICO NA CALÇADA
CASOS DE ARREPIAR
CÉU, MAÊ, INFERNO!
DESDE O PRÍNCIPIO,
NÃO SEI ESQUECER
LATAS D´ÁGUA NAS CABEÇAS.
NO SERTÃO DO MEU INTERIOR,
CHOVE.

                                                     (Telma Rebouças)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

TEMA: ETERNIDADE
Badaladas
Tic, tac, tic, tac
O relógio veste o terno da eternidade
Em sua tenra e exata continuidade
Tic, tac, tic, tac
Etéreas ideias diante de etários conceitos
Esvaindo finitudes, prolongando sublimidades
Tic, tac, tic, tac
Efêmeras criações evoluindo a eternos feitos
Dissipando conclusões, aniquilando o que é findo
Tic, tac, tic, tac
Criando em vida, nascendo a lenda
Da morte, a eternidade é prenda.
Tic, tac, tic, tac
Tic, tac,
Tic,
Tac,
Tic,
(...)
Ana Carolina e Claudio

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Poema Eternidade

Poema:


Eternidade



Eternidade é uma constante inquietação

Mergulhada na alma

E na solidão



Saudade nem sempre é sofrimento

Mas sim luz que transcende

O labirinto do pensamento



Lembrança vai e volta

Luz que se revolta

Na frieza do sentimento



Imortalidade é como esperança

Que ao tempo certo é recolhida

Na perpetuidade da vida



Antônia de Fátima Cunha

Antagonismo

Tema: Amor

Antagonismo

Quanto do amor encontro nos ombros do mundo.
Quanto do amor é página aberta, que não cai
que não sai de si, não se mostra, não se esvai.
Quantos tons não descubro, olhos daltônicos
vermelho-sangue que em mim, sendo tudo, é nada.
Quanto do amor escuto, mas escuro é o som
que sequer chega em mim
Quanto do amor é amor, e quanto não é?
Desencontro, cegueira, surdez.
Antagonismo expresso
dentro de mim, por mim.
Autor: Marcos Paulo Rolim Tártari