quarta-feira, 31 de março de 2010

PORTA

Neste exercício de criação poética, os alunos escreveram um poema sobre o tema PORTA, com a exigência de inserirem palavras com o acento tônico em U, dissílabos com O e A e palavras com os sons P e T. A intenção central é mostrar como poesia é feita com palavras e não somente com ideias, como disse Mallarmé a Degas.

***

A  Porta

Por ela, a moça loira entra, a morena encosta,
a puta chuta e juntas todas elas se enroscam.

Nela, a topada da tapada, o tapume do curtume
e a pegada da malvada.

Com ela, o luto da viúva, o tapa da beata
E a resposta do idiota.     

Para alguns pode ser boba, doida e até porra-louca.
Para outros, pode ser torta e morta, mas é sempre uma
porta.


autores: Andrea e Claudio

*

Por ela passa gente
branca
preta
amarela
É passarela
que liga lugares.
Passam histórias
Passam vidas
e sonhos

Sonhos de angústia
de confusão
de alegria
e de superação

Ah, se as portas fossem
do tamanho dos sonhos
de quem passa por elas
Teriam portinhas
e grandes portais
Para o gato passar
Uma portinhola resolverá
E a moça gorda
tão grande é
Mas de ambições fracas
em uma portela
passam os dois pés

A porta queria
interferir nos destinos
Rumos
Encontros e desemcontros
desses passantes
nem sempre genuínos
Pobre porta
é muda
sisuda
Espectadora graúda
de pedestres

A noite vem
a porta fecha
Sobra maçaneta
úmida
Chave dura
e pontas
de uma saudade - trancada


autoras: Camilla, Livia e Larissa.

*

A porta

A sombra fazia reflexo na porta
A porta estava cheia de folhas molhadas
Com gotas de lágrimas
Lágrimas inundam o lago


Porta aberta para escoar água
Água que as lágrimas derramaram
Porta que ultrapassa a escuridão da noite
O portal anuncia que o dia chega


Com grande vaso de folhas de esperança
E um pote cheio de virtude
Para anunciar que perto do lago
A escuridão cessava e o dia raiava.


autora: Antônia.


*


A porta torta


Imponente na arquitetura da igreja está a porta,
Que, apesar do tempo, ainda respira muita beleza,
Mesmo tendo como origem uma árvore torta,
Daquelas que desaparecem no verde da natureza.


Mas por que a árvore torta não haveria de ser bela?
Se tão útil era ao mundo e em cada folha era vida?
Teve que ser morta para proteger a entrada da capela,
E, como porta, não deixar, de fé, a alma desprovida.
E agora, defronte do sol, da chuva e do vento quente,
Ela recebe, como porta, aquele que roga e que chora,
Abraça a pessoa boa e ouve a palavra úmida e carente,
Quando é noite alta e a madrugada muda não se demora


E logo amanhece e em sua esguia forma soa um tapa,
Que tampouco espera a colheita da horta ou do pote a água,
Ou o tempero dos frades e a compra do tapete e da capa:
É a súplica de alguém que tem o coração perdido em mágoa.


E quantos lamentos a porta, outrora árvore, agora encobre.
E quantas alegrias e surpresas ela ao seu interior conduz.
Sentimentos escritos vão para o baú de madeira nobre, Que a viúva coloca onde as preces emanam feixes de luz.


Ao lado da flor de caju a porta única e forte se manifesta
Da mesma forma que quando árvore ao Universo fazia
Porque tanto árvore quanto porta o seu ser é uma festa.
E agora porta torta ela não deixa de ser entrada da alegria.


autoras: Cleonice e Ana Carolina.


*


Ali estava ele. Sentado na poltrona que ficava perto da copa onde eu me encontrava. Era hora de comer a torta de cupuaçu junto com um delicioso suco, mas um vento passou por mim que lhe deu um baita susto, fazendo com que a borda da torta se espatifasse no chão. Ele não podia imaginar que a culpada de tudo era eu, baita burro ele era, parecia que ele me considerava um muro sem vida que só divisa a copa da onde se ouve a polca. Foi então que ele decidiu partir espantado com a rosa morta na mão. Passou por mim e eu não soube o que dizer. Eu era aquele caminho para o mundo obscuro que ele não conseguia descobrir desde minha solda fora solta na calada daquela noitada. Foi nesse dia, que patinando pela casa, ele rumou ao meu encontro, onde eu estava e jamais poderia deixar de estar. Dividindo, separando e fechando mundos.




autoras: Leila Gallo e Marcella Vicentini.


*


A PORTA


Não abre fruto de uma corda.
A maçaneta, azul, fora de moda
gira e traz à tona o som, quase mudo
da essência morta de um vulto.


Perto do chão onde rola
até o únicvo fim, parede que joga
de volta à origem, fechada, pronta
para abrir novamente, o mesmo ponto.


No peito a angústia. Partir ou ficar?
O poeta responde. Não corra. Não morra.


autor: Marcos Paulo Tártari.

*

A Porta.

A esquerda de quem vai
Ou a direita de quem vem
Não sei..
É também chegada,
É também partida
Se vai para o norte
Se vai para o sul
Quem sabe?
É ponte que leva
É ponte que traz
Para o azul do céu
Ou o escuro que não é noite
Um marco da entrada
O ultimo passo da saída
A decisão final de quem vai
Ou quem fica
Parada, prostada
Em espera atoa
Posta em estado de morta
Como aquela moça
Que aguarda e deseja
O barulho das chaves
Mas não há hora nem forma
De antigir tal ponto na ponta dos poonteiros
Então enrrigecida
Aceita...
Um vai e vem do vento
Um vai e vem do trem
Um vai e vem do tempo
Um vai e vem de alguém...

autoras: Bruna C. Franco e Alessandra.

quarta-feira, 24 de março de 2010

blog do curso de oficina de criação - alunos do curso de letras da PUC-SP

Neste blog, os alunos do curso de Oficna da Criação da PUC-SP, postam suas produções poéticas e em prosa, além de comentários, sugestões e tudo o que for relacionado à prática literária